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ROTOVIC LAVANDERIA
A paulista Paola Tucunduva aprendeu desde cedo a enfrentar os obstáculos que costumam aparecer no caminho do empreendedor. Junto com o marido, Roberto, comanda a Rotovic: lavanderia industrial com três lojas, uma em Taboão da Serra (SP), outra em Americana (SP) e mais uma em Camaçari (BA). Há 40 anos atuando no ramo, a empresa é a terceira lavanderia industrial do país e a única com certificação ambiental ISO 14.001 em todas as suas unidades. O negócio, que nasceu com 40 colaboradores e 50 clientes num galpão de 750 metros quadrados, hoje conta com 235 funcionários, 200 clientes e um faturamento anual de R$ 12 milhões.
Fundada em 1968, pelo engenheiro Othon Barcellos Corrêa Sobrinho, a empresa foi criada para atender o mercado de limpeza de roupas domésticas. Inicialmente localizada na Av. Morumbi, em São Paulo, conquistou credibilidade no mercado e uma carteira de clientes conceituada.
O início da década de 70 marcou o crescimento industrial do país com a instalação de novos grupos poderosos, como a Ford e a Volkswagen. A entrada dessas grandes companhias no mercado industrial brasileiro criou um cenário favorável ao surgimento de diversas outras atividades. Foi quando o Sr. Othon Sobrinho começou a observar uma tendência de limpeza de roupas industriais nos Estados Unidos e trouxe a idéia para o Brasil, em 1972, quando a empresa passou a investir neste segmento. Como o seu negócio tinha tradição e experiência no mercado, logo os primeiros clientes começaram a aparecer. O investimento em inovação e tecnológica passou a ser prioridade na gestão.
Paola Tucunduva, filha do fundador da empresa - Sr. Othon Sobrinho, cresceu no universo das lavanderias. Formada em administração de empresas e pós-graduada em marketing e finanças, a empresária viu que tinha chegado o momento de tocar o negócio da família. Em 2000, comprou, juntamente com o seu marido, parte da empresa destinada a atender o setor industrial, fundando a Rotovic Lavanderia Industrial no município de Taboão da Serra-SP.
O novo negócio enfrentou, logo cedo, seus primeiros obstáculos. No primeiro ano, a lavanderia perdeu seu principal cliente, responsável por 30% do faturamento da empresa. Com visão empresarial sempre à frente de seu tempo, Paola Tucunduva apostou na inovação para superar as dificuldades instalando novas máquinas e agregando outros serviços.
O caminho encontrado pela empresária foi traçar uma estratégia de recuperação criando uma parceria com um fabricante de uniformes. A parceria abriu espaço para um novo serviço agregado à empresa: a locação de uniformes personalizados. Segundo Paola, esse foi um dos passos mais importantes para que a Rotovic deslanchasse no segmento de lavanderias industriais: ?Além de personalizá-los, os uniformes saíam daqui com um código de barras que nos permitia um controle sobre a durabilidade do mesmo. Foi uma inovação no mercado que nos ajudou a reerguer o faturamento?. Além dos uniformes, a Rotovic ampliou o serviço também para locação e higienização de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Aos poucos, o negócio foi se consolidando e percebeu-se a necessidade de expandir a estrutura. A lavanderia atendia a Ford e recebeu o convite da multinacional para se instalar em Camaçari - Bahia, aonde a montadora chegou em 2001. Em pouco tempo a Rotovic já estava com uma filial da empresa na Bahia, para atender não somente a Ford, como também diversas outras companhias alojadas no pólo industrial de Camaçari. Em 2003, a empresa entrou novamente em uma situação financeira positiva.
Finalmente, Paola havia conseguido reerguer seu negócio: a empresa já estava totalmente recuperada e faturando o dobro da época de sua fundação. Porém, em 2004, um incêndio destruiu a lavanderia de Taboão da Serra. Por conta do acidente, a unidade ficou nove meses parada. O fato causou enorme prejuízo e transtorno à empresária, ao seu marido e aos seus funcionários. Paola, que já havia enfrentado grandes dificuldades no início do seu negócio, não se deixou desanimar por mais esta adversidade que surgia em sua trajetória: lutou não apenas para manter a empresa como também para ampliar os negócios.
A princípio, a solução encontrada para os graves problemas enfrentados após o incêndio foi recorrer à ajuda dos concorrentes. Essas lavanderias disponibilizaram suas instalações para lavar os uniformes e toalhas industriais dos clientes da Rotovic, fora dos seus horários de expediente. Após algum tempo, a Rotovic conseguiu ocupar uma lavanderia desativada em Americana, no interior de São Paulo. Esse período foi marcado por um complicado processo de deslocamento de funcionários. Porém, a empresa não mediu esforços e manteve todos os pedidos em dia. De acordo com Paola Tucunduva, essa época, apesar das dificuldades, foi fundamental para que conseguisse reconstruir a unidade de Taboão da Serra.
A unidade Rotovic de Americana-SP, num primeiro momento, tinha o objetivo de ser uma loja provisória até que a lavanderia, destruída pelo incêndio, fosse recuperada. Mas a empresa acabou fidelizando clientes na cidade, o que justificou a manutenção desta que virou a terceira unidade da Rotovic. Hoje, ela já corresponde a 30% do faturamento da companhia.
Respeito é uma palavra chave para definir a atividade da Rotovic. Respeito ao meio-ambiente e também respeito aos custos dos seus clientes, que são otimizados com os processos ecologicamente corretos. Com a economia gerada em água, lenha, luz e sacos plásticos, a lavanderia conseguiu diminuir em 10% os preços cobrados. As três unidades têm a certificação ISO 14.001 desde 2002.
Todas as lavanderias da empresa possuem sistema de gestão ambiental. Dispõem, por exemplo, de estações para tratamento dos efluentes, já que a água usada para limpar uniformes se contamina com produtos tóxicos. Metade da lenha usada nas caldeiras é feita de serragem, uma sobra de madeira que iria para o lixo. Máquinas modernas e econômicas, além do telhado translúcido, ajudaram a reduzir a conta de energia elétrica em mais de 50%. A empresa também conseguiu economizar dois mil sacos plásticos por mês. A tática é reutilizá-los várias vezes e colocar mais produtos dentro de cada um. Para ter um aproveitamento melhor da embalagem, o saco é estufado até a boca para comportar uma maior quantidade de material.
Atualmente, a Rotovic coleta e entrega material na Grande São Paulo, no interior do estado (num raio de 200 km da capital e de Campinas), no Rio de Janeiro e na Bahia. A Rotovic atende clientes que atuam em diversos ramos de atividade, como: metalurgia, química e petroquímica, alimentícia, farmacêutica, embalagens, automobilística e serviços. Além das três unidades de produção, existe uma empresa que se dedica exclusivamente à locação de uniformes "TEXLAVE" e uma empresa que está focada na produção e venda de uniformes resistentes à chama "TEXFIRE".
A empresária Paola Tacunduva é um belo exemplo de que apesar das adversidades é possível superar os problemas e criar oportunidades de crescimento. Ela foi a única brasileira entre as 10 finalistas do Prêmio Mulheres de Negócios da ONU. Hoje, atua como facilitadora do SEBRAE-SP aplicando treinamentos de empreendedorismo. Ela vê no prêmio oferecido pela ONU não apenas um reconhecimento, mas um estímulo para as mulheres empreendedoras do Brasil e de outros países.