Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

Diminuindo riscos, gerando certezas!



PÃO DE AÇÚCAR

Construída pelo imigrante português Valentim dos Santos Diniz, pai de Abílio Diniz, a rede de supermercados Pão de Açúcar forma um dos grupos familiares mais tradicionais do país. Mas o percurso do Grupo Pão de Açúcar não seguiu uma trajetória linear de sucesso.

No final dos anos 80, diversos acontecimentos contribuíram para levar o grupo à beira do abismo. Quatrocentas unidades da rede haviam sido fechadas e mais de 30 mil funcionários foram demitidos. Parecia não restar alternativa para a empresa senão definhar até morrer. Foi aí que entrou em cena o ímpeto empresarial de Abílio Diniz. O empresário não só driblou a crise, como também transformou a rede de supermercados Pão de Açúcar na maior empresa do varejo brasileiro.

O início da história do Pão de Açúcar remete a 1929, quando Valentim, o patriarca dos Diniz, embarcou num navio com o sonho de começar uma vida nova na América. O imigrante português tinha acabado de cruzar o Atlântico e encantou-se com a beleza de um maciço de pedra no horizonte. É o Pão de Açúcar, avisou um passageiro.

A partir de uma discreta padaria, o jovem lusitano ergueu, em 1948, um estabelecimento que se tornou ponto de encontro das madames paulistanas na época: a doceira Pão de Açúcar. Era o início de um dos maiores grupos empresariais brasileiros.

Dez anos depois, os negócios começaram a se expandir com a abertura do primeiro supermercado na cidade de São Paulo, ao lado da doceira, no bairro do Jardim Paulista. A partir daí “pioneirismo” seria a palavra chave na expansão da empresa. Em 1966 abriu o primeiro supermercado dentro de um shopping center no Brasil, localizado no Shopping Iguatemi, em São Paulo, e inaugurou o primeiro supermercado 24 horas do país, também na capital paulista.

Abílio Diniz cresceu entre os fregueses da confeitaria do pai e sua missão de ajudar na direção da empresa logo ficou evidente. Começou como gerente de vendas, quando o Pão de Açúcar era uma locomotiva que se expandia a todo vapor. Os supermercados ganhavam os clientes dos antigos açougues e mercearias de bairro. Com Abílio à frente do negócio, o grupo tornou-se um dos maiores conglomerados do Brasil e abriu filiais em Portugal.

Na década de 70 diversificou seus negócios, inaugurando em Santo André o Jumbo, primeiro hipermercado do Brasil que vendia de alface a helicóptero. Na década de 80, fechou o círculo do varejo com novos formatos de loja. Além dos Supermercados Pão de Açúcar, dos hipermercados Jumbo e do Minibox, inaugurou o Superbox (loja depósito), o Peg & Faça (loja de bricolagem) e a Sandiz (loja de departamentos). 

Em 1989, inaugurou uma nova geração de hipermercados com a marca Extra. O grupo cresceu orientado por três pilares centrais: responsabilidade, respeito ao cliente e inesgotável capacidade de inovação.

Porém a maré de sorte do Grupo Pão de Açúcar é interrompida no final da década de 80. Planos econômicos congelaram preços, foi travada uma guerra acionária entre os irmãos Diniz e, para completar, em dezembro de 1989, Abílio foi seqüestrado em São Paulo e libertado depois de 153 horas no cativeiro.

A crise instaurada deixou a empresa sem dinheiro sequer para pagar os fornecedores. Abílio não se conformou. Vendeu imóveis, tomou empréstimos e anunciou a venda dos carros cedidos aos gerentes e diretores. Com novo posicionamento mercadológico, fechou lojas não lucrativas e vendeu as empresas coligadas.

Também se aproximou dos consumidores ao criar o cargo de ouvidor, investindo fortemente no seu aperfeiçoamento operacional. A tacada final foi seduzir as donas de casa com promoções irresistíveis. As estratégias adotadas deram certo. Em pouco tempo a empresa retomou a expansão através da inauguração de novas lojas e aquisição ou arrendamento de lojas e redes concorrentes.

Seguindo o lema Cliente: nossa razão de ser, o Grupo Pão de Açúcar sempre esteve voltado para os seus consumidores, cuidando para que todo contato que ele tivesse com as suas marcas se traduzisse na melhor experiência, alimentando uma longa relação de fidelidade. Essa preocupação com a satisfação dos clientes conduziu diversas inovações nas operações da empresa.

Em 1998, ao criar o Pão de Açúcar Delivery, se tornou o primeiro supermercado a usar o CD-ROM e a Internet comercialmente. No mesmo ano inaugurou em São Paulo o Pão de Açúcar Kids: primeiro supermercado educacional do mundo. No início do século 21, manteve permanente a postura de inovação e renovação. Já em 2000 lançou o primeiro cartão de relacionamento do Brasil, o Pão de Açúcar Mais, passando a oferecer lojas personalizadas a seus clientes.

O grande responsável pela posição de prestigio que o Grupo Pão de açúcar ocupa atualmente tem uma personalidade bastante peculiar para o mundo dos negócios. Abílio Diniz é um esportista convicto. Pratica corrida, natação, musculação e squash, além de participar todos os anos da Maratona de Nova York.

A sua preocupação com a saúde se estende aos funcionários. Abílio se dá ao luxo de manter uma academia de ginástica para qualquer empregado disposto a malhar. Centenas deles usam e abusam da regalia. Quem faz esporte aprende a lidar com a competição no trabalho, afirma.

A prova de que sua teoria é eficaz se expressa através das cifras de sua conta bancária. No ranking 2007 da revista Forbes, Diniz figura com uma fortuna de 1,9 bilhão de dólares, colocado como o 538º entre os homens mais ricos do mundo e o oitavo entre os brasileiros.

Com o conceito de multiformato, hoje o grupo administra quatro divisões: os supermercados Pão de Açúcar e Comprebem, os hipermercados Extra, as lojas de eletroeletrônicos Extra Eletro e o comércio eletrônico Pão de Açúcar Delivery e Extra.com, que permitem atender às necessidades específicas de diferentes tipos de consumidores.

Topo