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GOL
Em apenas sete anos de existência, a Gol Linhas Aéreas se transformou em uma das empresas mais enxutas e lucrativas do mundo. O modelo de negócios que a companhia implantou no país logo causou um efeito cascata na indústria aeroviária. Com tarifas a preços acessíveis, muitos viajantes migraram do transporte rodoviário para o aéreo, o que triplicou o número de passageiros transitando nos aeroportos.
É o chamado Efeito GOL. Em razão de uma política atenta ao controle dos custos e aos investimentos em equipamentos modernos, a Gol tornou-se a segunda maior companhia aérea doméstica do país, crescendo sem interrupção. A meta agora é disseminar o Efeito GOL em toda a América do Sul.
A Gol foi fundada em agosto de 2000 por Constantino de Oliveira Júnior, herdeiro do grupo mineiro Áurea, um dos maiores grupos de transporte de passageiros do Brasil. Ao longo de cerca de 50 anos, o Grupo Áurea criou um número bastante significativo de empresas. No ano que precedeu a abertura da Gol, o grupo transportou mais de 400 milhões de pessoas.
A filosofia e a forma de prestação de serviços do Grupo Áurea foram transmitidas para o novo negócio que estreava no setor aéreo. Através de muitos estudos, o Grupo chegou à conclusão de que 95% da população brasileira não tinha acesso a aviões como meio de transporte. Também foi observado que havia mais de 25 milhões de pessoas no país dispostas a voar. Porém, demandando preços mais baixos, segurança e qualidade. Na Gol, o desafio era reescrever a história da aviação a partir de um papel em branco. Para isso, Constantino de Oliveira Júnior se cercou de um grupo de pessoas que tinham conhecimento no setor de aviação e foi à luta. A sua paixão por aviões foi determinante no seu desempenho à frente da empresa. Constantino Jr. fez o primeiro vôo solo com 16 anos e apenas nove horas de vôo de experiência.
Com um investimento inicial de US$ 20 milhões, a companhia começou a operar com uma frota moderna e uma política tarifária inédita. A Gol oferecia aos passageiros no Brasil uma alternativa de transporte a preço acessível, atrativa em termos de custo-benefício frente às alternativas convencionais de transporte aéreo e rodoviário. Realizando seu primeiro vôo no dia 15 de janeiro de 2001, a primeira companhia brasileira low cost, low fare (baixo custo, baixa tarifa) conquistou em curto período de tempo grande participação no mercado de aviação civil do país. Poucos acreditavam no jovem executivo, de apenas 32 anos e sem nenhuma experiência no setor de aviação comercial, quando ele decidiu importar o modelo de linhas aéreas econômicas para o Brasil, que tanto sucesso fazia com exemplos da Southwest, nos Estados Unidos, e a Ryanair, na Europa.
Outro fator determinante para o sucesso da Gol foi o planejamento elaborado para a criação da empresa. Ela começou com cinco aviões e com uma rede razoavelmente espalhada. É importante destacar, também, o momento positivo em que a empresa chegou ao mercado nacional. O ano de 2001 foi o último ano de vida da Transbrasil. A Vasp estava nas últimas também - embora ela tenha sobrevivido até janeiro de 2005. As duas companhias já estavam em completa decadência e a Varig estava com sérios problemas financeiros. Praticamente, a única concorrente era a TAM. E até mesmo um acontecimento trágico para a aviação o 11 de setembro de 2001 acabou ajudando. Isso porque, ao reduzir a demanda aérea global, aquele evento permitiu à Gol adquirir aeronaves de primeira geração a um custo menor. A Gol soube tirar proveito da situação e se lançou no mercado com uma estrutura de custos baixos.
A Gol foi mais uma vez inovadora e pioneira ao incluir em seu modelo de negócios o transporte de cargas. A Companhia alterou o DNA convencional do sistema de cargas, deixando de operar no conceito peso x distância para utilizar o conceito de tempo x conveniência. Neste contexto surgiu a Gollog, serviço de cargas aéreas, que segue os princípios de pontualidade, inovação, freqüência, custo e tarifas reduzidas e que vem conquistando o mercado de transporte de cargas e encomendas. A Gollog vem ganhando mercado desde o seu lançamento, representando hoje mais de 3% do faturamento global da companhia.
A entrada da Gol criou um novo paradigma no mercado. Desde o início das operações as tarifas médias dos vôos domésticos praticadas no Brasil foram reduzidas mais que 30%. A estratégia é gerar sempre mais demanda, tanto entre passageiros de viagens de negócios como entre passageiros de viagens de lazer. A Gol também obteve sucesso ao mudar alguns padrões da aviação nacional, que trabalhava com a valorização de conceitos como sofisticação, requinte e glamour na promoção do transporte aéreo. Ao combinar baixas tarifas com serviços simplificados e confiáveis, tratando os passageiros igualmente em vôos com uma única classe de serviços, a Gol conseguiu aumentar sua participação de mercado e a fidelização dos passageiros, além de atrair um novo grupo de clientes.
O crescimento da empresa foi tão rápido que, no ano de 2002, já inaugurou a ponte aérea Rio-São Paulo. Durante junho de 2003, o Departamento de Aviação Civil formalizou o pedido das outras companhias aéreas, fazendo queixa da empresa devido à promoção "Viaje a R$ 40,00", vigente entre maio e junho daquele ano. A Gol foi acusada de infração à ordem econômica por inibir a concorrência. Apesar de a Gol ter suspendido a promoção na época, a justiça não considerou válida a acusação de prática de preços predatórios. No ano seguinte, a Gol se tornou a segunda companhia na história brasileira a abrir capital simultaneamente nas bolsas de valores de São Paulo (Bovespa) e de New York (NYSE). Desde então, vem sendo reconhecida por adotar as melhores práticas de governança corporativa. Seu desempenho a coloca em privilegiados rankings das melhores empresas do setor aéreo.
No ano de 2004 a companhia aérea inaugurou seu primeiro vôo internacional com destino a Buenos Aires, Argentina. Em 2005, iniciou novos vôos com destino à cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra; já em 2006 começou a operar vôos diários para Santiago, Chile. A expansão da Companhia no mercado internacional tem contribuído para impulsionar o turismo brasileiro.
Porém um trágico acidente veio interromper a fase de brilho da Gol. Em 29 de setembro de 2006, um Boeing 737-800 da companhia, com 154 pessoas a bordo e 234 horas de vôo, desapareceu do radar do controle de tráfego aéreo enquanto cumpria a etapa Manaus-Brasília do vôo GLO1907.
No dia seguinte, os destroços do avião foram encontrados em uma região de selva densa e de difícil acesso no Mato Grosso. Todas as 154 pessoas, sendo 6 tripulantes e 148 passageiros, morreram no local. Foi decretado luto oficial de três dias, devido ao mais grave acidente, até então, da história da aviação civil do Brasil e o primeiro com vítimas envolvendo o modelo 800, o mais moderno da linha Boeing 737.
A sólida posição no mercado e o forte reconhecimento da marca Gol permitiram que a confiança na empresa não fosse destruída devido ao acidente aéreo. Uma pesquisa de opinião realizada em 2006 pela Pesquisas Inteligentes, uma empresa independente de pesquisas de mercado, indicou que nove entre dez passageiros transportados confiam na Gol e a recomendariam para outras pessoas. A companhia possui a frota mais moderna e sofisticada do mercado brasileiro.
A estratégia adotada pressupõe aviões capazes de preservar a pontualidade, a boa imagem e a eficiência, com um custo menor com manutenção. São Boeings 737-700 e 737-800 de última geração, que voam até 12% mais rápido do que o seu concorrente mais próximo.
Em linha com sua visão de negócios, a Gol Linhas Aéreas adquiriu a Varig Linhas Aéreas S.A. em abril de 2007. Com a aquisição da Varig, foi ampliada a abrangência da companhia no mercado, passando a oferecer serviços diferenciados, especificamente em destinos estratégicos que concentram a maior parte dos passageiros que viajam a negócios. A operação permitiu a estréia da Gol no mercado internacional de longo curso, na Europa, América do Sul e América do Norte.
A empresa passou a ser uma das maiores empresas aéreas do continente sul-americano. Com o negócio, a Gol espera tirar da TAM a liderança no mercado brasileiro de aviação, que representa 20 milhões de passageiros transportados todo ano.
O ano de 2007 foi o marco de uma transição e do amadurecimento do setor diante de problemas estruturais, como a situação dos controladores de vôo e as condições dos aeroportos. Afetada por este contexto e pela incorporação da Varig, o lucro operacional da Gol foi negativo em R$ 23,0 milhões em 2007, ante o resultado positivo de R$ 701,5 milhões alcançado em 2006. No entanto, a Gol alcançou 40% de participação no mercado doméstico e 14,2% de participação no mercado internacional de vôos. Para reverter o quadro da crise aérea, a companhia adotou uma série de medidas para minimizar os transtornos causados aos passageiros e acredita que esse esforço concentrado resultará a médio e longo prazo em efetivas e necessárias melhorias.
A Gol nasceu em um ambiente competitivo e precisa continuar sendo competitiva, tendo que se renovar permanentemente. O mercado de baixo custo atende a um nicho de mercado sensível a preços. Por exemplo, os vôos noturnos, com tarifas bastante reduzidas, mostraram-se muito bem-sucedidos, proporcionando taxas de ocupação maiores que aquelas de outros vôos.
A companhia estima que, em média, 10% de dos seus clientes sejam passageiros de primeira viagem ou que não tenham realizado nenhuma viagem aérea no último ano. Para atender esse público, a Gol tem desenvolvido mecanismos de pagamento flexível, como parcelados a longo prazo, com o qual espera atingir uma quantidade maior de classes sociais.
A Gol nasceu para revolucionar o mercado da aviação doméstica brasileira e agora busca ser reconhecida como a empresa que popularizou o transporte aéreo na América Latina.